Este trabalho tem como objetivo analisar a vertente realismo maravilhoso, cunhado pelo escritor e crítico cubano Alejo Carpentier no texto Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2003) do escritor moçambicano Mia Couto. Observaremos como acontece a migração do conceito de realismo mágico Latino americano para o contexto sócio literário africano de língua portuguesa. Utilizaremos as propostas teóricas de Alejo Carpentier, Irlemar Chiampi e Willian Spindler a fim de sistematizar o estudo e averiguar a categoria mais adequada ao texto supracitado, por meio do enquadramento teórico e metodológico da perspectiva comparatista. Procuraremos examinar, ainda as possíveis diferenças e semelhanças resultantes do aporte “real maravilhoso” de América para África, ou seja, os modos de representação, cosmogonias, os prodígios naturais, sociais e históricos como representação inesgotável de fonte de maravilha, já que, tanto para os latino-americanos quanto para os africanos, representar as coisas concretas e palpáveis por meio da maravilha é uma forma de tornar visível o mistério que tais ocultam.