Observar como o texto literário veicula formações no que diz respeito à identidade nacional, ao reconhecimento étnico e a consciência de classe social, por exemplo, torna-se imprescindível quando a discussão esta relacionada a certos eventos históricos e literários. Tal é o caso, em pleno século XX, de elementos literários emergidos em meio aos processos de luta pela independência empreendidos no campo político, militar e cultural por países como Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, então colônias portuguesas na África e por obras inseridas no âmbito do Modernismo brasileiro, localizado principalmente na primeira metade do século XX. A partir da explicitação das relações sócio-históricas e literárias entre o Brasil e o arquipélago de Cabo Verde buscaremos, no presente trabalho, realizar uma leitura comparativa entre Famintos, do cabo-verdiano Luis Romano, e Os Brutos, do potiguar José Bezerra Gomes, ambas situadas nos percursos literários já referidos, procurando contemplar os aspectos ligados à formação de identidade nacional, reconhecimento étnico e de crítica social veiculada pelos romances.