Este trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada no componente curricular Literatura e Sagrado, do Programa de Pós-graduação em Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual da Paraíba (PPGLI/UEPB). A partir das leituras realizadas durante a disciplina, foi elaborado um artigo com o objetivo de traçar um paralelo entre um texto antigo, considerado por muitos como um texto sagrado, e um texto moderno, contemporâneo, a fim de mostrar que aquele pode dialogar com este de diferentes formas, e que a literatura estabelece um diálogo promissor com o sagrado por meio dos intertextos que são bastante perceptíveis e da absorção e transformação de uma multiplicidade de outros textos que giram em torno de uma mesma temática. Para tanto, selecionamos um trecho da narrativa bíblica e literária, especificamente o Livro de Gênesis, capítulo três (3), que fala a respeito dos personagens Adão, Eva e a serpente, e o conto contemporâneo “Bela, das brancas mãos”, da escritora Marina Colasanti (2005), além do texto “Melusina: dama dos mil prodígios”, de Ana Maria Machado (2000), a critério de exemplificação. No decorrer do trabalho, realizaremos também uma análise simbólica e arquetípica de certas figuras e imagens que se destacam nas narrativas literárias. Para isto, utilizaremos como suporte teórico o ensaio produzido por Hugo Francisco Bauzá (2009), da CONICET- Universidade de Buenos Aires, intitulado Borges e a tradição clássica; a obra Por que ler os clássicos, de Ítalo Calvino (2007); o livro Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas, também de Ítalo Calvino (2000); Erich Neumann (1996), que na obra A Grande Mãe mapeia a constituição feminina do inconsciente e sua projeção nas imagens artísticas; Gilbert Durand (1997) que, em As estruturas antropológicas do imaginário, demonstra o significado simbólico de certas imagens do feminino dentro de um regime noturno de imagem, dentre outros. Tanto na narrativa antiga quanto na contemporânea as temáticas se repetem; a mulher, a serpente e a sedução estabelecem diálogos fecundos e os textos se superpõem um ao outro. O clássico mostra a sua permanência e o seu valor nos dias atuais; e o passado e o presente se entrecruzam na linha do tempo, perpetuando temas e agradando leitores de ontem e de hoje; os textos constituem dialogismos constantes, verdadeiros tesouros coletivos que sempre têm algo a nos dizer.