Observa-se, como a literatura, revestindo-se de tecidos discursivos e plurissignificativos, no seio dos quais se manifestam recorrentes questões referentes ao sentido da vida humana, deixa entrever, dentrte oputros, um diálogo compreendendo os âmbitos filósoficos e literários. Partindo do princípio que admite o texto literário enquanto objeto dialógico e lugar onde as manifestações e expressões dos seres humanos entre si e destes com as realidades são possíveis, este trabalho estuda a obra Cangaceiros, de José Lins do Rego, a partir dos conceitos de utopia, seguindo a teoria do drama. O objetivo é identificar estratos textuais e discursivos que pontam para a ideia de utopia nos personagens do romance, bem como na estrutura narrativa impõe-se o conflito de vozes e a irredutubilidade de posições que conduz, neste caso, a um desfecho trágico em um romance polifônico. O trabalho está amparado teoricamente nas contribuições de Bakhtin (2007), Brandão (2004), Coelho (1987), Maingeuneau (1997), Mannheim (1986), entre outros.