A partir da obra 'A mulher que escreveu a Bíblia' (1999), do escritor Moacyr Scliar, pretendemos abordar até que ponto a intertextualidade multiplica os sentidos dos textos, literário e religioso, colocando em cena um conjunto de elementos comparáveis entre si, mas com reformulações que fazem a diferença perante uma análise mais profunda sobre o diálogo da obra de Scliar com a própria Bíblia hebraica e O livro de J, de Harold Bloom. Considerando as relações intertextuais entre a literatura e o universo religioso presentes nas narrativas do referido autor, iremos fazer uma abordagem do texto bíblico enquanto literatura, inclusive dando ênfase às características pertinentes a esse plano, como por exemplo a ironia, a apresentação de anti-heróis, a sátira, entre outras características que tendem a preencher as lacunas que os textos bíblicos deixam na imaginação do leitor. Além disso, iremos comparar as nuances do texto bíblico, uma vez entendido que a função comunicativa da ironia depende da compreensão do leitor sobre os significados justapostos à linguagem discursiva. Diante do exposto, utilizaremos como pressupostos teóricos as colocações de BLOOM (1992), MAGALHÃES (2000), HUTCHEON (2008), entre outros autores.