.Durante séculos à mulher foi negado o direito de ser protagonista de sua própria historia. Assim, o ser mulher era, e ainda continua sendo em muitos contextos, sinônimo de docilidade e submissão, tendo por espaço de atuação a esfera privada, onde se concentram as atividades domésticas e de reprodução, tais como o cuidado com o lar, o marido, os filhos, atividades exercidas não por méritos próprios, antes por generosidade dos homens, fazendo assim com ela coparticipe, de maneira invisibilizada, das atividades. Acontecimentos históricos contribuíram para despertar a sociedade acerca da questão da mulher. Um exemplo para ilustrar o que estamos dizendo foi o que aconteceu na Europa, no século XVIII, a partir dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, aflorados pós Revolução Francesa, onde homens e mulheres começaram a perceber que a igualdade ou era para todos os indivíduos ou não era para ninguém. Com a Revolução Industrial, em meados do século XIX, a forma de vida familiar tradicional passa sofrer grandes transformações. A região Semiárida do Nordeste Brasileiro foi e continua sendo apresentada e representada de maneira estereotipada, nesse perspectiva o ser homem e o ser mulher também estão dentro nessa logica. Apresentaremos aqui uma breve demonstração de como isso se propaga nas representações de gênero que associam a figura do homem sertanejo ao “cabra macho” e arretado, destemido e corajoso. Este artigo tem o objetivo de apresentar e discutir a questão de gênero nas práticas sociais e políticas do Assentamento Nova Canaã, ao tempo em que busca refletir acerca das atividades desenvolvidas pelas mulheres assentadas, procurando evidenciar até que ponto as mesmas promovem o protagonismo dessas mulheres. Para a realização deste estudo utilizou-se das abordagens qualitativas. Os sujeitos da pesquisa foram os assentados e assentadas do Assentamento Nova Canaã – Pindobaçu – Bahia.