Discute-se, neste artigo, a possibilidade de se refletir sobre o bullying a partir da leitura de contos de fada, em situação escolarizada. Para tanto, apresenta-se a análise do conto João-Trapalhão, de Andersen, recorte da dissertação “Literatura e Educação: o bullying nos contos de fada, uma discussão possível”, onde se pode observar a importância da autoestima na configuração ou não da vitimização. Sua relevância consiste em apresentar o trabalho com a literatura como alternativa para favorecer o entendimento de crianças a respeito dessa prática de violência, esclarecendo mitos e apontando razões possíveis que tornam um indivíduo, de fato, vítima, a partir de momentos de discussão, mediados em sala de aula. Configura-se como uma pesquisa bibliográfica, cujo instrumento utilizado foi a análise de conteúdo, a partir da elaboração de unidades de contexto: Agressores, Vítimas e Espectadores e suas respectivas categorias Intimidação, Demonstração de Poder e Controle sobre a Vítima; Submissão/Passividade/Medo, Atitudes de Mudança e Desejo de Vingança; Reforço da Agressão, Omissão/Neutralidade e Atitudes Positivas, no intuito de realizar inferências e construir interpretações a partir do estudo do referido conto, que favoreçam a discussão e reflexão em torno do tema bullying. Tomou-se como referencial teórico os estudos de autores da área de literatura e bullying, em busca de uma interface que embasasse esse trabalho. A análise mostra que as características inerentes à literatura permitem a realização de uma leitura em que o tema bullying possa ser discutido entre os alunos, de modo a contribuir na formação de indivíduos capazes de refletir sobre a violência entre pares.