JÚNIOR, Carlos Antônio De Souza Ferreira. Medicalização: nuances de concepções.. Anais do X CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/111526>. Acesso em: 25/12/2024 11:18
A pesquisa se caracteriza como um estudo bibliográfico de natureza qualitativa, no qual objetivou-se compreender as nuances relativas à medicalização e suas relações com o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, a partir dos títulos e resumos, foram selecionados artigos que versassem sobre a temática na base de dados da CAPES. Vale ressaltar que para a seleção das obras foram utilizados os descritores “conceito AND medicalização” e “concepções AND medicalização”, além disso, restringiu-se a publicações realizadas entre 2010 e 2015. Esta investigação científica se justificou mediante a emergência em refletirmos a respeito da explosão diagnóstica, sobretudo de casos de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, oriundos das queixas escolares. Assim, buscou-se responder à seguinte questão: quais as concepções de medicalização e impactos no âmbito da educação formal? Dessa maneira, verificou-se que, apesar de não nomear como medicalização, Foucault já discutia primícias desse campo em seus apontamentos sobre o — controle dos corpos pelo Estado — Biopoder, onde se idealizava a produção de corpos adestrados econômica e politicamente. Já Ivan Illich, quem instituiu o termo medicalização, defendia a ideia de iatrogênese. Ou seja, segundo ele, a medicina era responsável por criar, impor padrões e adoentar aqueles que fugissem dessas normativas. Em contraposição, Peter Conrad diz que a sociedade desempenha um papel ativo, demandando diagnósticos e explicações médicas para a regulação social, havendo assim grupos mais vulneráveis. Contudo, Rossano Cabral define a medicalização como fenômeno que transforma em questões medicas aspectos de outras áreas, promovendo um processo de patologização da vida. Portanto, conclui-se que a medicalização impacta na cultura, padronizando condutas e gerando modelos. Logo, no contexto educacional, constrói o ideal de aluno e colabora com a invisibilização das singularidades, tornando "doentes" aqueles que não cumprem as expectativas. O que pode levar ao uso de medicamentos e contribui para a culpabilização dos estudantes pelo fracasso escolar.