Subversão também é desafiar um modelo político/social/educacional baseado em crenças ingênuas em relação as Pessoas Idosas (PIs), é expressar sua voz, defender seus direitos e contribuir para um mundo melhor, muitas vezes baseado em sua experiência de vida, no seu conhecimento acumulado e na resistência pela busca da liberdade, dignidade e humanidade. Frequentemente nos deparamos com indivíduos que experienciaram ou ainda vivenciam aversão à Matemática, muitas vezes originada durante a infância e perpetuada posteriormente por fatores históricos ou psicoculturais. Esse fenômeno é exacerbado quando o ambiente escolar, ao invés de dissipar preconceitos enraizados, acaba segregando esses sentimentos, contribuindo para um cenário de medo e estagnação em relação ao conhecimento, que reflete tanto nas gerações jovens quanto nas PIs, demandando abordagens educativas que reintegrem e incluam esse grupo em diferentes contextos sociais a partir de mudanças conceituais, procedimentais e atitudinais. Nesse contexto, o ensino de Matemática surge como ferramenta importante, embora seja também um foco de aversão sobretudo para as PIs. A compreensão da Matemática como um conhecimento interativo e formativo pode auxiliar na leitura crítica do cotidiano e da educação, promovendo sua inclusão e protagonismo social, uma vez que a ressignificação do ensino de Matemática é facilitada pelo diálogo aberto e democrático, bem como pela valorização da memória social. Assim, essa pesquisa de natureza etnográfica, resultado de um recorte mais amplo em nível de doutoramento foca na observação participante e na coleta de dados por meio de questionários e entrevistas em grupos focais com PIs, atores-chave do estudo, de uma Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI). O objetivo é compreender a complexa relação entre memórias escolares, saberes matemáticos e práticas sociais por PIs, visando contribuir para uma educação inclusiva e uma perspectiva humanista da Matemática. Meio pelo qual, têm-se verificado o poder das lembranças, enquanto representações sociais vivas e em pleno movimento da escola de ontem, como ferramenta para repensar a estrutura e a organização do futuro das salas de aula.