O trabalho parte da premissa que a produção acadêmica nacional foi produzida, em sua maioria, por pesquisadores homens, que se autodeclaravam heterossexuais e, normalmente, da cor branca. Com isso, diversas falas e experiências foram caladas e destinadas ao esquecimento pelo esvaziamento de fontes que permitissem um debate com embasamento teórico e empírico. Na tentativa que remar contra esta maré de produção intelectual, o Programa de Empregabilidade e Formação LGBTI+ da Universidade Federal do Pará em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e a Organização Internacional do Trabalho, lançou editais selecionando apenas pessoas que se autodeclararam integrantes da comunidade LGBTQIA+ para integrar as vertentes que compõe o projeto, quais sejam: a Residência Jurídica e a Pesquisa CensoTrans. Estes, lançaram editais vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPA, disponibilizando vagas específicas nos cursos de especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Dessa forma, aqueles que produzem o conhecimento serão os mesmos que experimentam a vivência que se busca estudar. Utilizando essa experiência considerada como bem-sucedida, o presente trabalho busca compreender o processo de invisibilização e ocultação das compreensões sociais não integralizadas no ‘saber’ ocidental. Para tanto, importante compreender a origem da estrutura social fundada no colonialismo europeu e sua tendência imperialista. Após, analisa-se a importância de as partes falarem por si, narrando suas vivências e não sendo caladas por terceiros que se encontram fora do sentimento de pertencer. Ao fim, intenta-se analisar o conhecimento produzido na experiência narrada e os agentes que o produziram.