O Processo Transexualizador, enquanto programa de saúde assumido e regulamentado pelo SUS após pressões sociais e jurídicas, é considerado um avanço no que diz respeito ao acesso à saúde pela população transgênero, através principalmente da oferta de serviços necessário para o processo de transição/afirmação de gênero. Entretanto, a transfobia institucional, a ausência de recursos, regulamentação, etc, faz com que o programa não dê respostas concretas às demandas da população usuária. Este trabalho consiste em um relato de experiência sobre a atuação do Serviço Social no Processo Transexualizador do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ) a partir da análise crítica do que foi vivenciado na formação em residência em saúde, ocorrido no período de 2021 a 2023 no local, e com apoio de literatura já publicada sobre o programa. Busca-se refletir sobre o trabalho das/os assistentes sociais no referido programa, considerando os desafios e estratégias que permeiam o trabalho frente a realidade do serviço. A atuação intersetorial do Serviço Social demonstrou-se uma importante estratégia de enfrentamento aos desafios do trabalho no Processo Transexualizador e na contribuição para a p?omoção da saúde a população trans usuária do serviço. Dividem-se as ações intersetoriais em três tipos: 1) articulação com as unidades dentro do próprio HUPE; 2) articulação com a rede de saúde, assistência social, jurídica, universidades, etc, de fora do HUPE; 3) articulação com a sociedade civil, seja a partir de conselhos, movimentos sociais, entidades de classe e entidades não governamentais. É possível afirmar que tais ações têm impulsionado não apenas respostas pontuais às demandas da população transgênero, como mudanças significativas na organização do programa.