O presente esboço consiste numa experimentação teórica ao redor da tentativa de abrir zonas de sombra e vislumbrar a fabricação de outros mundos curriculares que transitem pelo profundo desejo de vida, ciência, criação e arte. Frente à inadiável tarefa de descolonizar o pensamento curricular, em sua insistente retórica ancorada no excepcionalismo humano como projeto de formação do indivíduo, parto de intercessores da arte e da ciência. Busco sobrepor a série Silhuetas (1973 – 1980) da artista cubana Ana Mendieta e a figura do átomo de Bohr a fim de explorar a liminaridade e permitir assombrar histórias tributárias do antropocentrismo que, de um modo ou de outro, parecem sufocar corpos vibrantes. Inspirada pela produção de Trinh Minh-Ha acerca dos outros inapropriados e inapropriáveis em diálogo com o pensamento de Donna Haraway (1992), mobilizo a inter-relacionalidade subjetiva com a t/Terra numa imaginação cosmoquântica pelas vias da queeridade constitutiva da natureza, sua monstruosidade e indeterminação ontológica, como uma possibilidade de rumar em direção aos limites do estudo da experiência educativa em sua força de desterritorialização e resistência à captura. Para tanto, implicada em considerar o que a teorização curricular trata de materializar desde o desfazimento da matéria de que trata, sugiro que o compromisso ético de corroborar com a tarefa de tornar o que chamamos de produção de teoria curricular matéria desconhecida, estranhada, rasurada, imprecisa, indeterminada e incerta; envolve habitar suas fronteiras esgarçando contornos, o que requer transitar dos paradigmas cientificistas aos ético-estéticos pelo choque com o inusitado.