A discriminação baseia-se na distinção individual ou de grupos devido à características que lhes são peculiares como gênero, sexo, raça, orientação sexual, de origem nacional, de características físicas, mentais, etnia, que possam causar constrangimento, sofrimento, acarretando em exclusão e ataques aos direitos humanos e liberdades fundamentais, seja na vida pública ou privada. A partir dos estudos de Spivak (2021), investigamos alguns discursos presentes nas falas de docentes e estudantes de um curso universitário, onde ocorram casos de racismo, misoginia, LGBTQUIAP+fobia e apologia ao nazismo, por meio da propagação de “figurinhas” em grupos de whatsapp. O trabalho de escuta qualificada dos estudantes e docentes do curso, foi conduzido pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da universidade, por meio da apropriação de alguns elementos dos círculos restaurativos. Foram realizados 08 encontros, com duração média de 4 horas cada. A metodologia foi baseada na teoria de Suporte por Pares e Especialista por Experiência (Peer Support and Expert by Experience), onde pessoas das comunidades atingidas tem voz ativa durante todo o processo. Os resultados apontam para a necessidade urgente de responsabilização para a não reprodução de condutas discriminatórias e criminosas. Os discursos que emergiram, orbitaram em torno de conceitos distorcidos acerca do racismo enquanto fenômeno não individual; responsabilização e privilégio social e epistêmico; silencio enquanto cumplice da violência; racismo internalizado, naturalizado, explícito e velado; e ainda sobre oportunidade, capacidade e meritocracia.