Ensaio teórico-reflexivo que aborda acesso da população trans ao SUS, explorando se ambulatórios de saúde trans frente à atenção primária. A repressão histórica das identidades de gênero perpetuou cisgeneridade como norma. A Perspectiva dos Funcionamentos propõe novo enfoque ético, priorizando características individuais, quebrando a dominância social de homens, brancos, heteros, cisgêneros. A capacidade de pessoas trans para ser saudável requer a garantia de funcionamentos básicos como autonomia sobre sua identidade de gênero e liberdade para exercer sua sexualidade, dentre outros. Ambulatórios de saúde trans, não preconizados como porta de entrada, podem mitigar barreiras no acesso ao sistema de saúde. Podem desempenhar um papel complementar ao sistema, sensibilizando a rede de atenção à saúde, promovendo a mudança do paradigma cisgênero e incentivando o autocuidado. Sua ampliação se mostra importante. Oferecem um ambiente mais acolhedor, contribuindo para a equidade e a universalidade, embora a integralidade dependa da atenção primária. Os ambulatórios desempenham um papel valioso na equidade do acesso à saúde, alinhando-se os princípios do SUS. No entanto, sua capacidade é limitada. A atenção primária é fundamental para atender todas as necessidades, garantindo atendimento integral à saúde. É crucial fortalecer ambos os níveis de atenção para garantir um sistema de saúde verdadeiramente justo e inclusivo para a população trans. A situação atual de acesso da população trans ao SUS apresenta desafios, principalmente na atenção primária. Os ambulatórios de saúde trans se mostram promissores para transformar esse CIStema, sendo crucial descisgenerizar para um sistema que promova justiça em cada ação de saúde.