A partir de uma estratégia metodológica indisciplinada (Mombaça) e assumidamente queer (Halberstam), propomos uma conversa em torno de filmes brasileiros que figuram a presença sapatão em bares ou que simulam ou reproduzem a experiência sapatão em outros espaços de convivência e coexistência em festa. Um espaço de imaginação sapatão, o bar nos ajuda a (re)construir um arquivo de pertencimento ao mesmo tempo em que nos instiga a pensar em um contra-arquivo, pautado por nossas próprias experiências, inventários e inventariações. De um lugar na paisagem da cidade, o bar se (re)configura também em movimento no cinema contemporâneo brasileiro. Estende-se nas ruas, no trânsito entre cidades e tempos da memória (Uma paciência selvagem me trouxe até aqui), chega ao mar, quintal ou terreiro, em filmes como Quebramar, Uma paciência, Tremor iê, entre outros, e coloca-se em movimento com as personagens, como na utopia do ônibus sapatão em Mato seco em chamas. De invenções coletivas sobre cenas que (re)produzem situações de bares, como karaokês (Sifonia da necróploe) a danças e pegações (Peixe), nosso diálogo também se coloca no gesto de cartografar as formas que as sapatões se agrupam, se alinham, ocupam e sapatonizam em festa.