O presente trabalho pretende investigar como produções teóricas decoloniais inferem perspectivas de gênero distintas das hegemonicamente instituídas por dispositivos e cientistas aliados à visão de mundo eurocentrada, assim como observar as multiplicidades das expressões de gênero em literaturas referentes às configurações sociais de povos originários em períodos pré e pós colonização europeia. Com objetivo de tensionar o modo como algumas literaturas científicas em destaque na Educação Sexual reproduzem lógicas etnocentradas na branquitude e na cisnormatividade, serão propostas referências decoloniais que enriqueçam as discussões na temática de modo transdisciplinar. Pensar perspectivas de gênero para além da narrativa da branquitude europeia enriquece as discussões e abre um leque de possibilidades de expressões, trazendo multiplicidade cultural e epistemológica à Educação Sexual. Foram realizadas abordagens qualitativas, com procedimento bibliográfico e objetivos exploratórios, e traçados paralelos críticos entre produções científicas decoloniais, com ênfase nos discursos sobre gênero, e referências hegemônicas da Educação Sexual. A Educação Sexual no Brasil e no mundo Ocidental, assim como diversas outras áreas do conhecimento, evidencia em seus vieses teóricos as marcas pulsantes deixadas e reiteradas pela colonialidade europeia, em curso desde o século XVI com as Grandes Navegações, e que não se esgota com o fim do colonialismo propriamente dito, em sua materialidade imperialista. Foi possível identificar claramente a forte influência europeia nos escritos produzidos por diversos autores, e a discriminação de cosmopercepções de povos originários.