Este trabalho tem como referencial teórico a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, especificamente a partir do diálogo com Walter Benjamin, tomando como ponto de partida as teses do autor sobre o conceito da História. Em “Sobre o conceito da História”, Benjamin escreve dezoito teses, criticando o papel exercido pelo historiador vinculado ao historicismo que é responsável por dar continuidade a uma narrativa universal que nasce da empatia com a parcela dos vencedores, detentores do poder e responsáveis por criar um conjunto de perdedores anônimos cujas histórias não conhecemos. As teses são reflexões acerca de um conjunto de ideias como historicismo, fascismo, progresso, positivismo e a social-democracia, e um convite a redefinir o que se entende normalmente como História e quem pode ou deve contá-la. Nesse sentido, o presente trabalho busca aceitar esse convite, a partir da aplicação do método cartográfico sobre os dados coletados no âmbito do Censo Trans Pará. Experimentar o método cartográfico significa investigar a maneira que os desejos se constituem socialmente e são capazes de estruturar a realidade social, ou seja, de algum modo contar a história que passou e aquela que está em construção. Em alguma medida este trabalho satisfaz o objetivo de Benjamin de criar um outro conceito da História que possa dar conta do fato de que os oprimidos vivem em regra em “estado de exceção”, mas ao mesmo tempo é um passo além ou diferente daquele discutido por ele, ao ampliar os termos do seu debate a partir de outras perspectivas.