O objeto da presente pesquisa, envolve os discursos a respeito dos tipos de violências que as professoras de uma universidade pública vivenciam durante o exercício de suas atividades acadêmicas. Historicamente, as instituições de ensino superior refletem práticas, estruturas e culturas arraigadas ao patriarcado. A herança desse sistema, se traduz em desigualdades de gênero, promovendo barreiras para ascensão das mulheres no ambiente acadêmico. Por muito tempo percepções equivocadas, mitos e violências foram repercutidos acerca da capacidade das mulheres. Portanto, a presença e a participação feminina no ambiente universitário é um acontecimento recente, que hoje reflete avanços significativos. No entanto, ainda persistem desafios e obstáculos que atravessam a questão de gênero, afetando a experiência de ser e estar na universidade. A partir de uma abordagem qualitativa, a pesquisa tem como objetivo evidenciar a autopercepções das professoras a respeito das violências enfrentadas no ambiente universitário. Optou-se pelo instrumento de coleta de dados na forma de entrevista semiestruturada, realizadas com três professoras da graduação em licenciatura em Ciências Biológicas de uma universidade pública do Estado do Paraná. O estudo adota uma perspectiva interseccional, considerando fatores como raça e orientação sexual, os quais se entrelaçam com as questões de gênero. A criação de um instrumento analítico baseado a partir dos discursos das entrevistadas fornece resultados parciais de que a violência contra as professoras, não se limita a formas explícitas, engloba manifestações veladas, revelando a presença contínua de estruturas patriarcais, por meio de atitudes machistas, misóginas e estereotipadas.