A escola tem se configurado ao longo dos anos como um espaço inóspito e interdito à presença de corpos e pensamentos divergentes, sobretudo se estes forem corpos trans e travestis. Isso se reflete no modo como são constituídos e construídos os diferentes espaços na sociedade, inclusive a universidade. Diferentes processos vão anunciando a incompatibilidade destes corpos nesses espaços, sobretudo os de poder. Embora já tenhamos observado avanços, ainda podemos dizer de uma determinação estruturante, violenta e excludente, que limita estes percursos, usando algumas vezes uma “suposta inclusão”, assimilando pautas para que os grupos dominantes convivam com a diferença sem no entanto perder seus lugares de privilégio. É a partir desta realidade que trazemos a experiência do Prepara Nem, um coletivo/preparatório popular ligado à Casa Nem e ao Grupo Transrevolução, com foco nas pessoas trans e travestis, que desde 2015 trabalha para romper com esta tônica de violência. Pretendemos aqui considerar como a chegada do Prepara Nem à UERJ em 2023 por meio de um Projeto de Extensão pôde agir frente a um cotidiano de interrupções, abandonos e subalternização de pensamentos, vivências e construções. Apresentar de que modo a presença deste coletivo no espaço institucional da UERJ faz frente e incomoda todo um argumento construído de uma universidade preocupada com a diversidade. E, a partir daí, pensarmos o modo como temos feito educação, sua práxis, trazendo questões centrais como a formação de professores e outros profissionais de outras áreas, como a área da saúde, e também os nossos currículos.