ManiFesta por um Educação sem juízo. Este é o título de minha tese de doutorado defendida no início de 2023. ManiFesta: uma pesquisa-instalação, escrita-abjeta. No percurso da pesquisa, quatro cenas/produções que abordam as dissidências sexuais, raciais e de gêneros ganham relevo: o lançamento do livro infantojuvenil A princesa e a costureira (2015), da escritora Janaína Leslão; a peça de teatro O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu (2016), protagonizada pela atriz Renata Carvalho; a performance La Bête (2017) do artista Wagner Schwartz e a obras de arte Travesti da lambada e deusa das águas e Adriano bafônica e Luiz França She-rá do artista Bento Ben Leite (2013), expostas na Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira (2017). Embalada por um gesto teórico-metodológico-poético cuir/queer, faço um movimento de cuiradoria – nesse exercício, as manifestações artísticas, as fontes documentais, as memórias, as experiências, os sentimentos, produzem ficções endemoniadas. As ficções endemoniadas propõem a desmontagem dos binarismos, sugerem uma ruptura radical com o erotismo colonial que esvazia corpos-crianças e corpos-educadoris de suas sexualidades e desejos. Inspirada na pensadora val flores e na aposta de que podemos criar interrupções/interruqções na ordem hegemônica, as cenas são entendidas como Ficções Endemoniadas frente às imposições do sistema binário cisheteropatriarcal e colonial. A ideia de provocar interrupções na ordem hegemônica, de pensar a arte e a educação como possibilidades de rupturas críticas nas programações binárias de gêneros e sexualidades e na ordem colonial ainda vigentes, inspiram a feitura de uma educação sem juízo.