RESUMO O objetivo deste artigo é destacar a trajetória profissional de professores afrodescendentes em escolas públicas de tempo integral na cidade de Pacatuba, Ceará. Especificamente, investigou-se as políticas estatais que visam implementar e fortalecer a Lei 10.639 de 2003, a qual preconiza o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. É perceptível uma variedade de experiências que se fragmentam ao longo do tempo. Esse aspecto é crucial para compreender o desenvolvimento da implementação dessa lei no contexto abordado. O racismo brasileiro é uma tecnologia sofisticada que atua de diversas formas nos meandros da sociedade. A descontinuidade dos trabalhos que atendem a citada Lei apresenta desarticulações que inicialmente aparentam ser naturais, dos rumos que tomam a rotina pedagógica. Embora a educação do Ceará seja frequentemente associada ao sucesso, com suas práticas e inovações que influenciaram a formulação de políticas públicas nacionais no campo da educação, os desafios enfrentados no ambiente escolar são significativos, especialmente no que diz respeito à educação antirracista. A escola é um corpo vivo em disputa pelos atores que dela pertencem. A batalha pelo currículo não difere substancialmente de outras realidades educacionais. Para embasar este estudo, recorreu-se às teorias de Cunha Júnior (2001, 2008, 2021), Nilma Lino Gomes (2002, 2005a, 2005b), Kabengele Munanga (2004, 2010) e Clóvis Moura (1994, 2014). Como conclusão, apontamos que a descontinuidade dos trabalhos educativos no campo antirracista apresentam uma causa e esta causa está intimamente associada a forma como o racismo atua na sociedade brasileira.