Na construção socioespacial do Estado cearense, organizações hegemônicas políticas, econômicas, religiosas e culturais organizadas por brancos escravocratas foram cada vez mais se consolidando através do silenciamento e violência para com os povos menos favorecidos, processo esse que jamais foi de forma pacífica. As comunidades Quilombolas foram invisibilizadas no Ceará, tanto por lidar diretamente com conflitos pela terra, quanto também por medidas históricas que foram se fortalecendo pelo racismo estruturante da sociedade. Diante disso, é necessário compreender as relações entre os territórios quilombolas, instituições estatais e comissões auto-organizadas; suas formas de viver a partir e pela terra, bem como suas identidades que vão sendo reconstruídas com o tempo; e suas formas de organização interna que vão sendo modificadas, seja no território ou a partir de associações comunitárias, atividades culturais e práticas espirituais/religiosas. De maneira geral, a pesquisa objetivou, estudar o território da comunidade rural quilombola Córrego de Ubaranas (Aracati/CE) através da luta, resistindo a conflitos territoriais e judiciais que negam suas identidades e deslegitimam seu território, lutando por direitos e reafirmando suas identidades enquanto quilombolas. Para alcançar o objetivo proposto, a pesquisa adotou um caminho metodológico a partir das seguintes etapas: levantamento bibliográfico e documental, elaboração e análise de dados primários, elaboração de relatórios de Iniciação Científica e entrevistas semiestruturadas. Constatando-se uma forte ausência de políticas que de fato dialoguem com as necessidades locais e que possam ser demandados pelos próprios sujeitos com relação ao fortalecimento das suas identidades e, consequentemente, do território, com foco na busca da titulação definitiva das suas terras, no caminho de uma vivência digna para exercer seus direitos e manutenção dos seus modos de bem viver em equilíbrio com a natureza.