Mesmo de modo não obrigatório, atualmente a sociologia ainda integra o currículo escolar brasileiro como disciplina do Ensino Médio, e luta pela sua “classificação” como saber legítimo (BOURDIEU, 2011). Além disso, o recente avanço de ideais extremistas de direita, que renegam as ciências humanas e sua cientificidade, incrementou um cenário de disputas em torno dos conteúdos que a sociologia aborda nas escolas brasileiras. Nesta ofensiva, este trabalho busca refletir sobre os desafios e as possibilidades de ensinar e aprender sociologia em face ao contexto sociopolítico brasileiro recente, e de materialização da Reforma do Ensino médio e seus desdobramentos nas escolas cearenses. O referencial teórico aponta para autores das ciências humanas que debatem a influência da ideologia conservadora na educação e defendem a sociologia como saber científico e disciplina escolar. A reflexão é guiada por uma via de mão dupla, a saber: a) a percepção de estudantes sobre o ensino de sociologia a partir os dados coletados em questionários aplicados em seis escolas de Fortaleza; b) a percepção de professores de sociologia que atuam na rede estadual do Ceará, tendo como fio condutor relatos de suas experiências docentes e a ênfase nas práticas cotidianas escolares, evidenciando a importância da sociologia como saber problematizador das relações entre os agentes deste cenário.