Este trabalho visa analisar o livro didático "Desigualdade e Poder" da coleção "Contexto e Ação", produzido pela editora Scipione, em articulação ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático (2021) e a Base Nacional Comum Curricular. A análise segue os pressupostos teórico-metodológicos de Meucci (2014; 2020), e se concentra em três pontos principais: Sistematização, Institucionalização e Rotinização. A discussão perpassa as dimensões legais, estéticas e estilísticas, econômicas, sociais e políticas. Aborda-se a relação entre o Estado, as editoras e o mercado multimilionário de livros didáticos, o perfil dos autores envolvidos na elaboração, a predominância de determinadas técnicas de exposição didática e tendências metodológicas e o destaque ou apagamento de determinadas áreas de conhecimento, em um livro que se pretende interdisciplinar. Ressaltam-se ainda as contradições das normativas e sua realização nos livros didáticos com a cultura já instaurada nas escolas, além da verificação da forte legitimação das competências e habilidades da BNCC. Pode-se, assim, demonstrar a rica contribuição que os livros didáticos possuem na construção de uma interpretação sociológica da vida cultural e intelectual das sociedades e somatiza-se à discussão as novas formatações do Ensino Médio que modificam os cotidianos escolares e impactam significativamente na produção, no uso e nas percepções dos livros didáticos.