O presente trabalho tem como finalidade discutir como o processo de racialização do sujeito negro no Brasil tem sido explicado por meio dos discursos de pacificação, democracia e harmonia racial. Afim de evidenciar a existência de uma disputa narrativa, trazemos enquanto contraponto, as análises do movimento negro brasileiro, especialmente, algumas das contribuições de Luiz Gama, Lima Barreto, Virgínia Bicudo e Abdias Nascimento, isto é, intelectuais negros (as) do final do século XIX e XX. Analisamos, então, quais são os efeitos e implicações destas narrativas nos livros didáticos de sociologia, destacando principalmente, como o debate das relações raciais são abordadas nos mesmos, visto que existe um silenciamento dos(as) intelectuais negros(as) e suas teses. A partir de uma revisão bibliográfica e uma análise documental, foi possível observar que os materiais didáticos em questão carecem de uma abordagem mais sólida a respeito da história e atuação do movimento negro brasileiro na agenda política, apresentando um discurso superficial sobre o racismo, tendo como fio condutor do debate, seja apresentando ou criticando, a teoria da democracia racial, formulada por Gilberto Freyre.