A violência de gênero é um problema estrutural e social que afeta a dignidade, a identidade e o bem-estar das vítimas, assim como de toda a sociedade. Neste viés, enfrentar a violência de gênero - física, psicológica, sexual, patrimonial etc.- é uma responsabilidade e um compromisso que devemos assumir para que todes tenham seus direitos humanos garantidos, para diminuir as desigualdades socioculturais, uma vez que estamos a tratar do país que ocupa os primeiros lugares no ranking de violência contra as mulheres. Em nosso recorte pretendemos apresentar as mobilizações que buscam combater a violência contra as mulheres nos diversos territórios sociais, especialmente no espaços acadêmicos e no campo das políticas institucionais. Dessa forma, não podemos nos esquecer do modo imperativo que a categoria de gênero é tratada. Estamos portanto, perante a sociedade alinhados a um pensamento binário de gênero, e que por muitas vezes inviabiliza mulheres outras ou gêneros outros que desejam estabelecer pactos dissidentes de gênero, ou seja, gêneros e sexualidades que fogem à norma cisheteronormativa branca masculina.Ademais, nossa questão central se situa na compreensão de uma cartografia de análise de violências de gênero e a possibilidade de arrefecimento destas a partir de conquistas de mulheres em territórios institucionais políticos e acadêmicos. Neste sentido, a partir de um método cartográfico (PASSOS, KASTRUP e ESCÓSSIA, 2015), pressupomos uma pesquisa-intervenção de modo não prescritivo, funcionando por pistas e por desmontagem do percurso. Vislumbra-se, com isso, um mapa de análise e as possibilidades construtivas de outros mundos possíveis, sobretudo, nos territórios de disputas de narrativas de poder e saber, que organizam e estruturam desigualdades. A partir da dinâmica cartográfica está explícito um posicionamento ético, social e político com o compromisso e responsabilidade dos pesquisadores na produção e invenção de caminhos para intervenções que visam a transformação.