O presente trabalho, proposto como artigo, utiliza a pesquisa (auto)biográfica como recurso teórico-metodológico para a recuperação da memória e histórias de vida, para isso reúne narrativas de mulheres negras (pretas e pardas), sobre as experiencias vividas nas infâncias com o cabelo crespo. O texto apresenta uma discussão dialógica, sobre as infâncias, a educação para as relações étnico raciais, a urgência de formação de educadores antirracistas e as dimensões estéticas e políticas do corpo negro. A partir desta perspectiva, o entrecruzamento das histórias de vidaformação das experiencias singulares e sociais das professoras, que constituem as identidades docentes, corroboram para que seja realizado um reposicionamento político e ideológico na luta antirracista, através de revisão conceitual e de significativas mudanças procedimentais e atitudinais frente a negritude. A tecitura do texto elege o cabelo crespo como elemento central das experiencias vivenciadas. Desta forma se utiliza da conversa, como metodologia, para que através do acionamento das memórias individuais e/ou coletivas das infâncias das docentes, seja promovido um diálogo com as infâncias dos/das estudantes, a fim de reverberar estruturas relacionadas a ancestralidade, formas e expressões do racismo e da desigualdade racial, a sobreposição dos padrões eurocêntricos sobre os padrões afro-brasileiros, a assimilação dos valores culturais da branquitude, imagens de controle e representatividade. O tema abordado, almeja trazer à baila a necessidade de discutir sobre diversidade e educação para as relações étnico raciais no cotidiano escolar. Traz ainda o desafio de ruptura com paradigmas que estabelecem padrões de beleza preestabelecidos pela supremacia branca.