Inúmeros são os benefícios do uso do teatro como ferramenta pedagógica na educação. No entanto, não é comum que tal ferramenta seja elaborada, desenvolvida e aplicada pelos próprios alunos, mas também escolhida como estratégia de resposta dialógica, responsiva e ativa a uma temática trabalhada nas aulas de um pré-vestibular social. Quando isso acontece, seu impacto e relevância na formação cidadã adquire uma nova roupagem. O presente trabalho objetiva relatar a experiência ocorrida em um pré-vestibular social do Sesc Nova Friburgo/RJ, onde os alunos assumiram o protagonismo, elaboraram uma peça de teatro e inspirados em uma temática da aula de Biologia sobre os impactos do garimpo ilegal, invasão de terras dos povos originários e o Marco temporal. Indignados pela falta de visibilidade envolvendo as pautas emergentes sobre a votação do Marco temporal no Supremo Tribunal Federal, assim como sobre a crise humanitária, de saúde do povo Yanomami, transformaram a raiva em ação responsiva e ativa. A peça intitulada o “O último suspiro” foi apresentada no Teatro do Sesc Nova Friburgo durante o Festival Sesc de Inverno, um dos maiores eventos multilinguagens do Brasil, que teve como reflexão o resgate da cultura e sabedoria ancestral para a construção de um novo futuro. Vários foram os desafios enfrentados pelos discentes, porém sempre foram permeados por um dever cívico de divulgarem esta pauta para seus pares. Além disso, o teatro modificou as relações entre os alunos e professores, enraizou o senso de pertencimento, permitindo autonomia completa dos discentes e acolhimento à diferença, assim como ação e participação cidadã, consciente e crítica sobre a realidade que nos permeia. Desta forma, o teatro se revela não apenas como uma ferramenta pedagógica na educação, mas, sob uma perspectiva freiriana, como expressão cidadã, artística, crítica e emancipadora do processo de aprendizagem na formação e na vida desses estudantes.