O aquilombamento como prática de resistência ecológica e política, ultrapassa as barreiras históricas da escravidão colonial, indicando além da recusa à exploração, uma nova maneira de habitar a Terra. O enfrentamento à crise ecológica global, implica outras escritas de mundo e uma literatura com narrativas-florestas. O solo colonial e os corpos dos escravizados confundem-se em uma única Terra-Negra subjugada pelo colonialismo. Manter juntos ambientalismo, anticolonialismo e luta antirracista é a missão de uma ecologia decolonial. Neste horizonte, o presente trabalho aborda uma pesquisa-ação desenvolvida juntamente ao território quilombola de Acauã, no município de Poço Branco, Rio Grande do Norte, ao sistematizar plantas quilombolas, plantas e ervas medicinais populares da comunidade, ressaltando a importância dos saberes tradicionais e a preservação do vínculo entre a comunidade e os saberes ancestrais. A pesquisa foi realizada a partir de encontros com lideranças comunitárias, mulheres e jovens quilombolas de Acauã, através de grupos focais, tendo a questão da saúde e dos saberes tradicionais populares como norteadores. Para realizar a identificação das plantas, foi utilizado o aplicativo ‘PlantNet’, o qual permite reconhecer espécies de plantas por meio de fotos da flor, fruto ou folha, metodologia que promove engajamento e motivação de jovens em processos de aprendizagem sobre plantas, com a utilização de dispositivos virtuais e recursos tecnológicos. Também foram observados costumes de, além da, saúde mediados pelo encontro de saberes e ecologia de práticas. Os principais atores da catalogação e sistematização das plantas medicinais populares foram as jovens quilombolas, sementes para a construção de uma ecologia decolonial. Foi elaborada uma tabela sistematizando 22 plantas quilombolas da comunidade de Acauã/RN, associando-as ao respectivo nome científico, utilidade terapêutica relatada e usos adicionais a partir da literatura. estaca-se que a sistematização desse conhecimento está intimamente ligada à memória e à cultura da comunidade.