A presente pesquisa tem como objetivo analisar, sob a perspectiva do Realismo Capitalista de Fisher (2020), as representações da negritude no capitalismo tardio, presentes em “Formation” (2016), de Beyoncé, e “This is America” (2018), de Childish Gambino, consideradas hinos de resistência para a comunidade negra mundial. A metodologia será norteada pela Teoria Semiótica Greimasiana, de linha francesa, a partir dos estudos de Barros (2005). A fundamentação teórica ficará à cargo de Eagleton (2011), Hall (2016) e Williams (2007), sobre cultura e suas definições; sobre a influência das transnacionais nos hábitos de consumo da Geração X, os estudos de Klein (2002) e Zuboff (2021) nortearão os apontamentos; acerca do realismo capitalista e os mecanismos de controle por meio do consumo de mídias, serão consideradas as arguições de Bauman (2022), Bucci (2021) e Fisher (2020). Como resultados, obteve-se que ambas as músicas constroem narrativas onde o poder aquisitivo é um elemento não apenas norteador, mas imprescindível para a sobrevivência dessa comunidade, que precisa se adaptar ao conhecido e branco sonho americano, que os obriga a consumir marcas e a ostentar hábitos luxuosos a modo de estabelecer uma validação no contexto do capitalismo tardio. Assim como em “***Flawless” (2014), as músicas reforçam que a performance da negritude só será plena caso haja muito dinheiro envolvido, com roupas de grife e idas a restaurantes caros. Como considerações finais, apontamos que é essa a vingança que os negros podem proporcionar aos brancos: a dominação das esferas sociais por meio da ostentação de um padrão de vida que poucos podem ter. É, entretanto, um alento irrisório, quando consideramos que o racismo se renova diariamente e não é amenizado em razão da quantidade de dinheiro que o indivíduo tenha no banco. O racismo é uma opressão que não faz distinção de classe.