Apoiado na perspectiva de trabalho a partir do uso de diferentes linguagens, relatamos uma vivência por meio do diálogo entre Geografia, texto literário e filmes, ocorrida com alunos do Ensino Médio de uma escola pública da rede estadual da Paraíba. O referido trabalho objetivou suscitar e discutir as questões que envolvem os aspectos naturais, socioeconômicos e culturais da região Nordeste, a partir dos romances Vidas Secas e O quinze, de modo a promover o desenvolvimento do raciocínio crítico dos estudantes acerca das relações de produção historicamente desenvolvidas e sua relação com a mobilidade populacional. Privilegiou-se a pesquisa participante que, por meio do viés dialógico e interativo em sala de aula, possibilitou vivências com a leitura literária que foram enriquecedoras no fomento a discussão de questões de ordem econômica e social que historicamente caracterizaram a região. É possível apontar que as linguagens utilizadas possibilitaram estabelecer aproximações entre a ficção e a realidade, fazendo com que os discentes, por meio da mediação realizada nas aulas, se atentassem para as relações de produção que estão presentes nas narrativas e percebessem sua relação com as condições de vida e a vulnerabilidade social de parte dos personagens que, assim como na realidade concreta, se viam diante da seca obrigados a migrar em busca de uma vida melhor. Isso denota que a abordagem pautada no uso de diferentes linguagens instigou o raciocínio crítico dos estudantes que passaram a enxergar as questões sociais do semiárido nordestino para além dos fatores físicos-naturais.