Durante parte da história humana, discursos e práticas pretensamente científicas foram utilizadas para legitimar uma suposta hierarquia racial e justificar a marginalização de grupos humanos considerados “inferiores”. Tais conhecimentos contribuem, na atualidade, para compreender as consequências do racismo científico. O presente trabalho busca identificar uma possível correlação entre as promulgações das leis 10.639/03 e 11.645/08 e o aumento no quantitativo de trabalhos relacionados à educação para as relações étnico-raciais (ERER) nos anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) articulado a temática do racismo científico. Esse trabalho foi realizado a partir de uma busca eletrônica utilizando palavras-chave relacionadas à temática nos anais do ENPEC, no qual os artigos selecionados foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva (ATD). Primeiramente foi realizada a unitarização dos documentos, uma leitura com o objetivo de compreender a constituição dos textos, a partir da qual as unidades de análise foram definidas. Em seguida, partimos para a categorização dos textos, estabelecendo relações entre as unidades de análise e, por fim, a produção de metatextos descritivos e interpretativos dos resultados das análises, processo que está em andamento. Foram levantados, inicialmente, 44 trabalhos. Após a leitura dos resumos e, posteriormente, dos artigos completos, o corpo de análise findou em 13 trabalhos, enquadrados em modalidades (empírico, teórico e revisão bibliográfica) e em linhas de pesquisa (LP). Observou-se maior prevalência de trabalhos empíricos e que estavam incluídos na LP “Diferença, multiculturalismo, interculturalidade”. Com isso, houve maior abordagem da temática a partir do ENPEC VIII (2011), destacando o ENPEC XII (2019), que apresentou 8 trabalhos dos 13 analisados. Logo, levando em consideração o aumento do quantitativo de trabalhos, podemos afirmar que a promulgação das leis pode ter exercido forte influência na produção de trabalhos voltados às ERER tematizando o racismo científico nos respectivos ENPEC’s.