Apesar da decisão coletiva e impositiva dos conservadores e fundamentalistas de que as performatividades de gêneros e sexualidades que destoam da heterocisnormatividade, falocêntrica e branca, fazem parte somente do contexto da atualidade histórica, com um pouco de pesquisa conseguimos encontrar registros históricos de que tais performatividades são tão antigas quanto a própria humanidade. Na Grécia antiga era possível, e permitido, que homens livres tivessem relações sexuais com outros homens. Em Roma, também não se fazia oposição a essas práticas sexuais. Contudo, isso não significava que era tudo liberado e livre de preconceitos. Existiam regras que, na teoria, deveriam ser seguidas para que aquelas práticas sexuais fossem aceitas e bem-vistas pela sociedade da época. Na Grécia era permitido, desde que a relação fosse entre um adolescente e um homem adulto, por exemplo. Além disso, era partilhada a ideia de que o ato de fazer sexo anal – passivo – formaria a virilidade necessária a um homem, enquanto ao adulto presente, era incumbido o papel de ativo da relação. Em Roma, compartilhavam-se ideias semelhantes. Fazer sexo anal, seja de forma passiva, seja de forma ativa, era algo necessário para formação de homens viris capazes de lutar e comandar a sociedade. Nos dois casos existiam algo que não poderia, de forma alguma acontecer: a mariconização dos homens, ou seja, ser afeminado, delicado. O homem não poderia ser uma bicha. Essas formas de masculinidades violentas repulsa a tudo que poderia ser associado ao feminino é compulsória, estão presentes na construção da sociedade atual e consequentemente no âmbito da educação formal por meio da homofobia, transfobia e lesbofobia. Sabendo que a escola desempenha um papel importante no desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos, entendemos que ela também é responsável pela reeducação desses comportamentos nocivos. Por isso propomos uma (re)educação escolar pautada em discussões não-bináries.