A proposta deste texto é a de pensar acerca de uma prática pedagógica que opere com a improvisação; isto é, de uma pedagogia compreensível da inevitabilidade dos imprevistos no fazer docente e, mais do que isso, produtora de condições ao inesperado e seu potencial de animar a docência. Para tanto, afirma-se o necessário deslocamento do Eu, desde um centro que opera pela recognição, para um devir em jogo com o por vir. Postula-se que, sob incertezas e provisoriedades, na contingência dos estudos em aula, docente e discentes possam improvisar, jogar com o acaso, pois não mais imobilizados por modelos prévios, aos quais, por suposto, deveriam tributos. Com efeito, a experimentação é tomada como inerente à imprevisão dos movimentos da aula – bem como, da pesquisa –, necessários à constituição do aprendizado que, por essa via, afirma-se como uma espécie de composição. Ao assumir tal perspectiva, especulando acerca desta Pedagogia da Improvisação, erigimos uma discussão sobre a tecnologia, no sentido de compreendê-la como aquilo que possibilita tal pedagogia: trata-se, na proposta aqui apresentada, de tecnologias não hegemônicas, engendradas por uma cosmologia e sua localidade, na qual se constituem. Por fim, conclui-se que a tecnologia é pedagógica no seu modo de ser, compreensão que convoca outros pensares sobre a docência, suas práticas e modos de existir, que dizem respeito a um deslocamento do ego para o eco, do indivíduo para casa, do individualismo para a comunidade (habitada por humanos e não humanos).