Resumo: A pesquisa objetiva conhecer as condições de formação e trabalho de estudantes oriundos de Guiné-Bissau que migraram para Fortaleza. A metodologia adotada baseia-se em pesquisa, para a qual utilizou-se de recursos interdisciplinares, que primaram pela a oralidade, através de entrevistas nas quais registrou-se aspectos da vida cotidiana e expectativas em torno da formação desses estudantes. Que a partir de 2009 por ocasião de parceria entre o governo do Brasil e de Guiné-Bissau, migraram para o Ceará, visando uma formação superior ou técnica, que lhes permitiria voltar ao seu país em melhores condições de serem absorvidos pelo mercado de trabalho. Os estudantes vislumbraram a possibilidade de estudar no Brasil em escolas técnicas e faculdades que prometiam estágios remunerados, que não concretizaram-se na prática. Entre 2009 e 2011, centenas de estudantes desembarcaram em Fortaleza e em 2012, uma crise política afetou Guiné-Bissau, culminando em um golpe de estado. As famílias dos estudantes ficaram impossibilitadas de enviarem dinheiro aos seus filhos, fato que gerou a inadimplência dos estudantes com as faculdades, deixando os migrantes impossibilitados de receberem declarações estudantis, perdendo a condição de estudantes e o visto, o que implicava em risco de extradição. Sem dinheiro para manterem-se e pagar as mensalidades, procuraram inserir-se no mercado informal de trabalho, já que só poderiam trabalhar em regime de estágio em áreas afins aos seus cursos. A relevância do tema para a área consubstancia-se à medida que fomenta uma reflexão acerca da diáspora africana de estudantes na sociedade contemporânea.