Em uma perspectiva educativa considerada tradicional, a relação professor – estudante – saber concebe o professor como mero transmissor e o estudante como mero receptor de saberes matemáticos (ou outros saberes) que já existem. Em uma perspectiva educativa considerada construtivista, contrariamente, o estudante é concebido como um indivíduo que é capaz de produzir saberes. Porém, trata-se de uma produção individual e subjetiva, uma vez que o professor, nesta perspectiva, é concebido como um indivíduo que deve apenas facilitar essa produção sem interferir na capacidade criativa do estudante. O objetivo desse trabalho é apresentar uma perspectiva educativa sociocultural na qual professores e estudantes são concebidos como indivíduos que produzem saberes matemáticos coletivamente em sala de aula. Trata-se da perspectiva educativa da Teoria da Objetivação (TO). A TO é uma teoria educacional da corrente sociocultural, em desenvolvimento pelo educador matemático canadense Luis Radford, que se ancora em uma ampla base teórica de referenciais ligados à Filosofia, Antropologia, Psicologia, Sociologia, Semiótica e Educação. Dentre seus principais referenciais teóricos estão: Friedrich Hegel, Karl Marx, Evald Ilienkov, Lev Vygotsky e Paulo Freire. Para esta teoria, os saberes matemáticos são produzidos historicamente e culturalmente por meio da atividade humana. Neste caso, os saberes não aparecem em sala de aula simplesmente porque alguém diz quem (e como) eles são. Os saberes são postos em movimento a partir de problematizações, discussões, questionamentos e reflexões, as quais permitem que estes se tornem objetos de consciência e que novos saberes sejam produzidos conjuntamente pelos professores e os estudantes. Nessa perspectiva, cabe ao professor, dentre outras coisas, pensar, elaborar, planejar e compartilhar com seus alunos discussões, questionamentos e reflexões que possibilitem uma progressiva e gradual tomada de consciência dos saberes cultural, histórica e socialmente constituídos e a produção de novos saberes.