O corpo, lugar do contato privilegiado com o mundo, está sob a luz dos holofotes, problemática coerente e até inevitável em uma sociedade de tipo individualista que entra em uma zona turbulenta, de confusão e de obscurecimento das referências incontestáveis e conhece, em consequência, um retorno maior à individualidade. De acordo com Le Breton (2007), o corpo é uma realidade mutante de uma sociedade para outra, as imagens que o definem e dão sentido à sua extensão invisível e aos sistemas de conhecimento. O corpo não é somente uma coleção de órgãos arranjados segundo leis da anatomia, é em primeiro lugar uma estrutura simbólica, superfície de projeção passível de unir as mais variadas formas culturais. Dessa forma, a designação do corpo, quando é possível, traduz de imediato um fato do imaginário social de uma sociedade para outra, a caracterização da relação do homem com o corpo e a definição dos constituintes da carne do indivíduo são dados culturais cuja variabilidade é infinita.