O presente trabalho objetiva analisar como o envelhecimento feminino é representado através do romance Amor em Dois Tempos (2014), de Lívia Gracia-Roza. O recorte privilegia as vivências da protagonista, Vivian, que após a morte do esposo e já com idade avançada, decide romper com os estereótipos atribuídos à mulher na fase da velhice. Nesse sentido, busca-se, também, verificar os entraves socioculturais que cerceiam a vida do sujeito de “terceira idade”, bem como discutir acerca dos dilemas que versam entre a subjetividade da personagem e a relação com o próprio corpo envelhecido, no que diz respeito aos afetos e à prática da sexualidade. Para isso, recorremos às noções teóricas de Dalcastagnè (2015), Beauvoir (1990), Foucault (2020) e Bosi (2009). Isso posto, constatamos que a personagem, mesmo não estando imune aos julgamentos e hostilidades advindos daqueles que Michel Foucault nomeia como vigilantes, ela subverte o lugar-comum atribuído, erroneamente, ao idoso. Além disso, depreendeu-se que a adesão à novas experiências refletem numa forma de reparação dos desejos, visto que tivera um relacionamento longo e opressor com o falecido cônjuge.