A produção literária senegalesa de autoria feminina assume um caráter recente, tendo em vista que as primeiras obras datam de 1970. Destarte, na contemporaneidade, o nome de Fatou Diome figura entre as principais escritoras que aborda, em seus livros, temas como a condição das mulheres, o racismo e questão diaspórica. Contudo, em Kétala, romance de 2006 e traduzido para o português em 2008, a autora traz temas considerados caros para o Senegal: a homossexualidade e a transexualidade, já que, no país, a questão LGBTQIAP+ é criminalizada. Com isso, o seguinte artigo visa problematizar como a autoria feminina senegalesa é vista, a partir da produção literária de Fatou Diome, bem como a relação entre a casa, enquanto espaço, com Mémoria, a personagem principal da obra. Além disto, destaca-se, também, como os móveis, objetos e utensílios, responsáveis pela narração da história, são representados e representantes por revelar algumas problemáticas presentes no Senegal, como a já citada questão da autoria feminina, a condição das mulheres e como o romance aborda, de modo ousado, a questão homo/transexual.