Summertime (2009) é o terceiro volume da trilogia Scenes from Provincial Life, do escritor sul-africano J. M. Coetzee. No romance, o biógrafo Vincent se interessa por detalhes da vida privada de John Coetzee (personagem ficcional que está morto) e conduz entrevistas com pessoas próximas a ele. Além das entrevistas, Summertime é composto por trechos de diário de John Coetzee, o personagem; mostrando-se, assim, uma narrativa híbrida, característica típica da literatura contemporânea. Para além dos diferentes modos de narração, a partir de uma análise estrutural, este estudo tem como objetivo identificar e refletir sobre os diferentes tipos de hibridismo em Summertime, Como aporte teórico, usamos pesquisas de Linda Hutcheon (1998), Fredic Jameson (1991) e Gilles Deleuze e Felix Guattari (1995), autores que problematizam sobre o pós-modernismo, além de estudos literários de Roland Barthes (1987) e Umberto Eco (1991). Em Summertime, o hibridismo se apresenta em diversas esferas do romance. A própria narrativa mesclada entre entrevista e diário traz uma pluralidade de vozes e representações de narradores, diferenciando-se, inclusive, dos volumes anteriores. Ainda, as características e os limites da ideia de gênero literário são problematizados, posto que a obra mistura elementos de narrativas autobiográficas, confessionais, epistolares, ficcionais e de testemunho, por exemplo. Nesse sentido, essa obra autobiográfica (ou outrobiográfica) coetzeana representa uma ruptura formal e estética dos limites entre ficção e realidade, nos levando a (re)pensar nas potencialidades e possibilidades da literatura.