A humanidade é constituída pela alteridade, mas parece haver uma necessidade de lembrar os sujeitos sobre a existência do outro, o alter, quando na verdade só existimos graças a ele. É graças ao outro, à percepção da alteridade que constituímos nosso eu. Da mesma forma parece redundante mencionar e relacionar a Bildung (formação), as práticas formativas e educacionais ao outro e ao reconhecimento do outro, pois a inexistência deste impossibilita o que podemos compreender como processos formativos. Este trabalho tem como temática central o conceito de formação (Bildung) e de alteridade a partir da experiência estética. Para tanto, foram tomados como materiais empíricos de análise os registros autobiográficos de dois autores brasileiros: Ferreira Gullar e Eliane Brum. O primeiro autor atuou e a segunda autora ainda atua em campos de ativismo político complicado no Brasil, quais sejam, respectivamente: a arte e o jornalismo. Ambos os autores também possuem ampla repercussão dos seus trabalhos, embora, não sem entraves e censuras. Partindo da análise de suas produções literárias, o presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise discursiva sobre os seus escritos e atentar para os elementos que perpassam um viés pessoal e subjetivo de experiência estética, para tanto, o referencial teórico-metodológico está baseado nas contribuições de Michel Foucault, Maurice Blanchot e Gilles Deleuze. O entrelaçamento das áreas de Filosofia, Literatura e Estética com a Educação - no que tange aos processos formativos – permite concluir que a educação estética e a sensibilização voltada à alteridade, podem ser permeadas por diferentes artefatos culturais, inclusive por artefatos que possuem um caráter marginal de legitimação social e cultural.