Os discursos docentes, em torno das práticas de inclusão de alunos com deficiência visual, muitas vezes, são norteados pelo argumento do despreparo profissional para lidar com as peculiaridades desses estudantes, estando, primordialmente, relacionados aos conhecimentos técnicos e metodológicos específicos em relação à deficiência, condicionando o fazer inclusivo a fórmulas para saber lidar com esses eles. Este trabalho, que constitui um recorte proveniente de um Trabalho de Conclusão de Curso, objetiva analisar como os discursos produzidos dentro e a partir das práticas de ensino, envolvendo uma aluna com baixa visão severa, no contexto de uma escola pública, são preponderantes para sua inclusão/exclusão em tal contexto. Para tanto, tomamos por base os pressupostos da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), em sua interface com os Estudos culturais (WOODWARD, 2000, 2001; HALL, 2016), discurso e práticas sociais na constituição das identidades (FAIRCLOUGH, 2001), educação (LIBÂNEO, 2006) e inclusão escolar (MANTOAN, 2003). Norteados por uma metodologia qualitativa-interpretativista de cunho etnográfico (MOITA LOPES, 1994; BOGDAN; BIKLEN, 1994; ANGROSINO, 2009; DE ANDRÉ, 1995) e Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001), os dados apontam que, embora haja desconhecimento técnico em relação às especificidades da baixa visão, algumas das dificuldades enfrentadas não estão relacionadas diretamente com a falta de formação docente específica e continuada no campo da deficiência, mas com a forma como esses professores enxergam a aluna e com a falta de comunicação direcionada durante a convivência em sala de aula.