Este artigo é um recorte de um estudo de caso realizado no grupo de pesquisa “Linguagem, Cognição Humana e Processos Educacionais”, do PROPED/UERJ. Ele relata o impacto da leitura no processo autoformativo de um jovem que, aos 13 anos de idade, descobre outro sentido para a sua vida, em função de uma doença que o acomete e que o alija, ainda que circunstancialmente, do contexto escolar. Tony representa milhares de jovens brasileiros que, assim como ele, conhecem o dissabor de serem excluídos não por serem mudos, cegos ou portadores de deficiência física, mas por não se enquadrarem no perfil de aluno ideal, desenhado e perpetuado pela escola e pelos professores. A nossa interlocução é com Senna (2002), em quem encontramos fundamento para desvelar/revelar a caminhada autoformativa através da leitura de Tony, embora a escola não tenha conseguido modelá-lo cartesianamente. O texto distribui-se em três segmentos contíguos, que abordam, respectivamente: (i) o conceito de leitura associando-o à percepção de mundo, (ii) as diversas formas de ler/de leitura deTony e (iii) o impacto da leitura para o processo autoformativo do jovem contemporâneo.