COM O ADVENTO DA AGRICULTURA E O SEDENTARISMO, SURGE O EXCEDENTE DE PRODUÇÃO. PELA PRIMEIRA VEZ A COMUNIDADE VIVENCIOU A CONDIÇÃO DE ABUNDÂNCIA, NÃO TENDO MAIS QUE LIDAR COM AS LIMITAÇÕES DE UMA SOCIEDADE QUE SOBREVIVE A CADA DIA PARA GARANTIR A PRÓXIMA REFEIÇÃO. AO PRODUZIREM MAIS DO QUE NECESSITAM, TRABALHAM MENOS E SOBRA CAPACIDADE DE TRABALHO, OU MELHOR, EXCEDENTE DE PRODUÇÃO. FALTAM, CONTUDO, ELEMENTOS DA PARTICULARIDADE ENFRENTADA HISTORICAMENTE PELAS MULHERES. NESSE SENTIDO, SILVIA FEDERICI FAZ CONTRIBUIÇÕES INESTIMÁVEIS PARA A LUTA POR DESFAZER GÊNERO COMO O CONCEITO DE POLITIZAÇÃO DO SEXO, ASPECTOS ESSES QUE PRETENDO PROBLEMATIZAR NESTE ARTIGO. FEDERICI, CONTUDO, APRESENTA E RETOMA EM DIVERSOS TRABALHOS O QUE SERIA PARA ELA UM CONTRAPONTO A LEITURA QUE FAZ SOBRE O PENSAMENTO DE KARL MARX. AFIRMA A ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DE CAPITAL NÃO COMO PRECURSORA DO CAPITAL, MAS INERENTE À CONTINUIDADE DO SISTEMA, ANÁLISE ESSA QUE ME PARECE COERENTE. ENTRE CONTRIBUIÇÕES A SEREM RESSALTAS, CONTUDO, TAMBÉM PRETENDO SINALIZAR DISCORDÂNCIAS A PARTIR DA LEITURA DA OBRA MARXIANA, MAIS PRECISAMENTE ACERCA DO DEBATE SOBRE A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA, JÁ QUE ENTENDE QUE MARX DEFENDE QUE A ACUMULAÇÃO PRIMITIVA FOI UM ASPECTO PRECURSOR DO CAPITALISMO. APRESENTO A LEITURA MARXIANA, POR OUTRO LADO, QUE ENTENDE QUE SE TRATA DE UM PROCESSO QUE FOI MARCADO POR UMA ACUMULAÇÃO ORIGINÁRIA COM FORMAS ESPECÍFICAS DAQUELA QUADRA HISTÓRICA, MAS QUE É UTILIZADO E REVALIDADO COM CONTEÚDO DIVERSOS PELA CLASSE DOMINANTE SEMPRE QUE NECESSÁRIO PARA A RETOMADA DE REGULAÇÃO DE SUAS TAXAS DE LUCRO.