O TRABALHO PROPÕE VALER-SE DA POÉTICA DE CORA CORALINA E LEODEGÁRIA DE JESUS COMO ESCREVIVÊNCIA DO FEMININO NA POÉTICA GOIANA DO INÍCIO DO SÉCULO XX. A PARTIR DAS OBRAS DAS AUTORAS CITADAS, PRETENDE-SE RASTREAR AS RESSONÂNCIAS DO FALAR-MULHER NA TRANSMISSÃO DE UM SABER FEMININO SITUADO ALÉM DA ORDENAÇÃO FÁLICA. PARA ISSO, FORAM UTILIZADAS A NOÇÃO DE ESCREVIVÊNCIA(S), DE CONCEIÇÃO EVARISTO, E A PSICANÁLISE DE AUTORIA FEMININA, NOMEADAMENTE: SABINA SPILREIN, JULIA KRISTEVA E LUCE IRIGARAY. QUESTIONA-SE O DOMÍNIO DISCURSIVO QUE REITERA A PROIBIÇÃO À MULHER DE FAZER OUVIR ALGO DE SI E DO SEU GOZO, E, ASSIM, MANTÉM INTACTO O MITO QUE SUSTENTA A DOMINAÇÃO MASCULINA. CONSTATA-SE QUE A NOÇÃO DE ESCREVIVÊNCIA DIALOGA COM A PROPOSTA DE UM FALAR-MULHER, OFERECENDO FERRAMENTAS PARA REALÇAR OS MEANDROS QUE A HISTÓRIA FALSEIA E ESCONDE. A POÉTICA, ENTÃO, É TOMADA COMO GESTO DE TRANSMISSÃO DE UM SABER-FAZER COM O GOZO FEMININO QUE NÃO O COSTURE NA LÓGICA DE TROCA DO PATRIARCADO. A POÉTICA DE CORA E LEODEGÁRIA SÃO ESCRITAS DE RESISTÊNCIA UMA VEZ QUE DEIXAM O RASTRO PARA TRANSMISSÃO DE UM FALAR-MULHER, DE UM OUTRO DIZER PARA DIZER DE OUTROS GOZOS.