EM UMA SOCIEDADE NA QUAL O PADRÃO ESTÉTICO É EUROCÊNTRICO O CORPO NEGRO É ENTENDIDO COMO O OPOSTO. POR ISSO UMA MULHER NEGRA VALORIZANDO SEUS CONTORNOS E TRAÇOS, E EXPONDO ISSO EM SEUS TEXTOS É UMA RESSIGNIFICAÇÃO E SUBVERSÃO DOS ATRIBUTOS ANTES PERCEBIDOS NEGATIVOS. NOTA-SE UMA CONSTRUÇÃO NARRATIVA TRANSGRESSIVA, CENTRANDO A ESCRITA EM UM DIÁLOGO OUSADO COM O TESTEMUNHO E A LUTA DA MULHER CONTRA OS VALORES PATRIARCAIS TRADICIONAIS. ASSIM, ESSE DISCURSO SUBVERTE AS CATEGORIAS CANÔNICAS E DESESTABILIZA A ESTRUTURA VIGENTE. PARA ALGUMAS MULHERES NEGRAS, A LITERATURA É O LUGAR DE FUGA E PRIVILÉGIO, POIS ESSE ESPAÇO PERMITE CONSTRUÇÕES INTERPRETATIVAS SOBRE O SEU CORPO E SEU PRAZER. E ESSAS ESCRITORAS, COLOCAM-SE EM LUGAR PRIVILEGIADO DE FAZER POÉTICO, E NA CONDIÇÃO DE LOCUTORAS, (D)ESCREVEM UMA POÉTICA FEMININA DECOLONIAL DO CORPO. E ESTE ARTIGO OBJETIVA REFLETIR SOBRE COMO AS AUTORAS AMEFRICANAS CONCEIÇÃO EVARISTO E CAROLINA MARIA DE JESUS EXPLORAM O CORPO, O TESTEMUNHO E A MEMÓRIA EM SEUS ESCRITOS, PROPONDO NOVAS MANEIRAS DE (RE)CONHECIMENTO PARTINDO DE UMA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA MULHER NEGRA. OBSERVA-SE A ESCRITA COMO UM CONTRADISCURSO A OPRESSÃO, E UM TEMPO DE POSSIBILIDADES. COMO APORTE TEÓRICO SÃO ARTICULADOS TEXTOS DE LÉLIA GONZALEZ, GLORIA ALZANDUA, AUDRE LORDE E A PRÓPRIA EVARISTO.