AYMMAR RODRIGUEZ, HETERÔNIMO DE RAIMUNDO DE MORAES, É UM ESCRITOR MEXICANO QUE ADOTA A CIDADE DE RECIFE COMO MORADA. A OBRA DE AYMMAR INCLUI, COMO GÊNERO PRINCIPAL, A POESIA (BABA DE MOÇO, 2010; TRÍADE, 2010 E COESIA, 2015), ALÉM DE UM VOLUME DE CONTOS (PORNÓPOLIS, 2014). TRATA-SE DE UMA VOZ SINGULAR E TRANSGRESSORA, CUJA TEMÁTICA SEMPRE RECAI SOBRE A SEXUALIDADE, OS AFETOS, A DESCONSTRUÇÃO DE VALORES E CRENÇAS CRISTALIZADOS SOBRE A TRADIÇÃO POÉTICA OCIDENTAL (E BRASILEIRA EM ESPECIAL). AYMMAR ESCANCARA OS DESVÃOS MARGINAIS DE RECIFE, DIALOGANDO COM POETAS CONSAGRADOS DA CIDADE. UM DE SEUS POEMAS EMBLEMÁTICOS TRAVESTE DE FÊMEA A FIGURA CANINA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO (NO POEMA “O CÃO SEM PLUMAS”, 1950); ASSIM, EM DIÁLOGO EXPLÍCITO, RECONSTRÓI A TRADIÇÃO, QUEERIZANDO O CÂNONE COM “A CADELA EMPLUMADA” (2015). EM TRÍADE, A SUBVERSÃO DO HETERÔNIMO TOCA MANUEL BANDEIRA: “AS MUSAS BORBULHANTES” DESSACRALIZA, CARNAVALIZA E REPELE AS MUSAS DO SABONETE ARAXÁ CANTADAS POR BANDEIRA EM “BALADA DAS TRÊS MULHERES DO SABONETE ARAXÁ” (ESTRELA DA MANHÃ, 1936). NESTE ESTUDO DIALÓGICO, DE ÍNDOLE BAKHTINIANA, USAMOS O DISPOSITIVO DA (HOMO)SEXUALIDADE COMO FERRAMENTA DE LEITURA E TRANSGRESSÃO, SEGUNDO A PROPOSIÇÃO DE SOUZA JR. (2019) EM HERDEIROS DE SÍSIFO PARA DESCORTINAR PROCEDIMENTOS E UNIVERSO POÉTICO DA PRODUÇÃO DE RODRIGUEZ. INVESTIGAMOS POEMAS BABADOS DE PORNOGRAFIA, EM VERSOS QUE RESSONAM O RECIFE HOMOERÓTICO DE TULIO CARELLA E A PROSA VIOLENTAMENTE ORDINÁRIA DE MARCELINO FREIRE. VISAMOS, ENFIM, COLABORAR COM A AINDA MUITO ÍNFIMA FORTUNA CRÍTICA SOBRE ESTA VOZ DISSIDENTE E DIASPÓRICA DA LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA.