A qualificação profissional é um dos grandes temas brasileiros na atualidade, vinculada diretamente as políticas educacionais e intrinsecamente ligada ao setor produtivo. O fomento deste forte componente do desenvolvimento nacional é uma nítida preocupação do governo federal, visto que nas últimas décadas diversos programas, como PROMINP e PRONATEC, tem dado especial atenção ao tema. Mas mesmo com estas iniciativas, a qualificação do trabalhador ainda responde como um dos principais entraves para o progresso da indústria brasileira, possivelmente reflexo das políticas cíclicas de desenvolvimento exógeno. Na atualidade, o município do Rio Grande vive duas dinâmicas atreladas ao setor produtivo: a primeira em torno da estruturação do Arranjo Produtivo Local em Construção Naval e Offshore do Rio Grande; em segundo a instalação do câmpus Rio Grande do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS. Diante dessas potenciais forças de crescimento e desenvolvimento econômico, faz-se necessário pensar como as Instituições de Educação Profissional trabalharão com as novas demandas por qualificação profissional de aglomerados regionais e quais benefícios decorrentes dessa proximidade física serão produzidos por ambos os atores. Buscando identificar o perfil dos trabalhadores e da qualificação profissional na cidade do Rio Grande, foram aplicados questionários para o setor de Recursos Humanos (RH) das indústrias e aos gestores de empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL). Em seguida, diagnosticou-se o perfil do egresso formado pelo IFRS – Câmpus Rio Grande e as principais dificuldades de sua inserção no mercado de trabalho. A partir dos dados coletados nas indústrias, foi identificado que os estaleiros locais apresentam 16 mil postos de trabalho, sendo a distribuição percentual de força de trabalho composta por 65% de operários, 25% de encarregados e 1% de gestores. Quanto a percepção do empresário a cerca da qualificação profissional do trabalhador, a pesquisa revelou o baixo nível de instrução dos trabalhadores da mão de obra direta, que mesmo possuindo a formação escolar solicitada, apresentam dificuldades na leitura, compreensão de textos, assimilação de conteúdos e na interpretação de diagramas específicos da área técnica. Essas lacunas na formação comprometem o pleno desenvolvimento das atividades exigidas pelo setor e corroboram com os dados apresentados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD/C). Com relação ao perfil do profissional egresso do IFRS – Câmpus Rio Grande foi possível identificar algumas tendências, como o perfil distinto entre as modalidades de ensino integrado ao ensino médio e subsequente. Estes resultados, mesmos que ainda parciais, sinalizam a necessidade de pensarmos a formação profissional atrelada à qualificação da educação básica, bem como um estreitamento nas relações entre a academia e cadeia produtiva que compõem o Arranjo Produtivo Local de Rio Grande.