EM 2008, O MUNDO EXPERENCIOU UMA GRAVE CRISE FINANCEIRA. DE LÁ PARA CÁ, ECLODIU, EM VÁRIOS PAÍSES, MOVIMENTOS DE “EXTREMA-DIREITA” QUE VÊM OBTENDO GRANDES ÊXITOS EM ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS AO REDOR DO GLOBO. PARALELAMENTE, O NEOLIBERALISMO VEIO TOMANDO UMA ROUPAGEM CADA VEZ MAIS AGRESSIVA, COLONIZANDO QUASE TODAS AS ESFERAS DA VIDA SOCIAL. EM 2015, NO SEGUNDO MANDATO DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, O GOVERNO PROMOVEU O QUE SE DENOMINA POR “AUSTERICÍDIO” QUE, DE MODO GERAL, FORAM GRANDES CORTES DE GASTOS NAS POLÍTICAS SOCIAIS. ESSE AUSTERICÍDIO PROMOVEU UM “MEDO SOCIAL”. A POPULAÇÃO MAIS POBRE SENTIU-SE DESAMPARADA. NESSE CENÁRIO DE “SALVE-SE QUEM PUDER”, ONDE NÃO HÁ UM LUGAR AO SOL PARA TODOS, SOBRETUDO COM O RÁPIDO CRESCIMENTO DO DESEMPREGO, OCORREU, EM 2016, UM GOLPE PARLAMENTAR-MIDIÁTICO-JUDICIAL QUE ACELEROU O AVANÇO DO PROJETO NEOLIBERAL EM CURSO. A PARTIR DE 2016, NO BRASIL, UM CONJUNTO DE REFORMAS ESTRUTURAIS TEM MOSTRADO A FORÇA E O AVANÇO DO NEOLIBERALISMO SOBRE OS DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS, BUSCANDO CANALIZAR RECURSOS PÚBLICOS PARA ATENDER, SOBRETUDO, AOS ANSEIOS DO CAPITAL FINANCEIRO. NESSA ESTEIRA NEOLIBERAL, ESTÁ A REFORMA DO ENSINO MÉDIO, REALIZADA NO MESMO CONTEXTO DA REFORMA TRABALHISTA, EFETIVADA PELO GOVERNO TEMER (2016), E DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA, INICIADA POR TEMER E CONCLUÍDA PELO GOVERNO BOLSONARO (2019). PARA MUITOS ANALISTAS, ESSAS REFORMAS SÃO TIDAS COMO NEOLIBERAIS PORQUE VISAM O “DESMONTE E A REDUÇÃO DO ESTADO”. NA VERDADE, O NEOLIBERALISMO DEVE SER COMPREENDIDO DE OUTRA FORMA, CONSIDERANDO-SE O TIPO DE INTERVENÇÃO QUE É EFETUADO. CONSIDERANDO ESSE CONJUNTO DE ACONTECIMENTOS E SUAS CONEXÕES, ESTA PESQUISA TEM COMO OBJETIVO GERAL ANALISAR A RELAÇÃO ENTRE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC, 2018), PRODUZIDA A PARTIR DA MEDIDA PROVISÓRIA (MPV) N.º 746/2016 E DA LEI FEDERAL N.º 13.415/2017, A IDEOLOGIA DO EMPREENDEDORISMO E A FORMAÇÃO DO SUJEITO NEOLIBERAL NA ATUALIDADE, TENTANDO DESVENDAR OS PONTOS DE ENCONTRO ENTRE ESSES TRÊS ELEMENTOS NO PROJETO CURRICULAR COMUM DO “NOVO ENSINO MÉDIO”. COM UMA METODOLOGIA QUALITATIVA, ADOTAMOS A ESTRATÉGIA DA ANÁLISE DOCUMENTAL, A PARTIR DA QUAL EXAMINAMOS A MPV N.º 746/2016, A LEI FEDERAL N.º 13.415/2017, O PARECER E A RESOLUÇÃO DAS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO (2018) E O DOCUMENTO DA BNCC (2018). EM SÍNTESE, OS RESULTADOS PRELIMINARES DA ANÁLISE DOS DOCUMENTOS, EM CONFRONTO COM A LITERATURA ESPECIALIZADA, APONTAM PARA UM CENÁRIO ADVERSO. A MEDIDA MPV Nº 746 /2016 TROUXE, COMO UMA DAS PRINCIPAIS MUDANÇAS NO ENSINO MÉDIO, A NÃO OBRIGATORIEDADE DE QUASE UMA DEZENA DE DISCIPLINAS. O "ENXUGAMENTO" E A CRIAÇÃO DE ITINERÁRIOS FORMATIVOS, DOIS DOS PRINCIPAIS ASPECTOS DO DISCURSO DA “MODERNIZAÇÃO” DO ENSINO MÉDIO, PODEM SER CONSIDERADOS CARACTERÍSTICAS DA FLEXIBILIZAÇÃO, ABRINDO CAMINHOS PARA UMA MOBILIZAÇÃO MAIS SIMPLIFICADA DO CAPITAL HUMANO. NESSE CONTEXTO, O SUJEITO NEOLIBERAL SE MATERIALIZA COMO O “EMPREENDEDOR”, CATEGORIA MUITO ESTIMULADA PELA LÓGICA DO MERCADO FLEXÍVEL QUE ESTÁ BASTANTE PRESENTE NO MODELO ESCOLAR DO “NOVO ENSINO MÉDIO”. EM SUMA, ATÉ ESTE MOMENTO DA PESQUISA, PODEMOS AFIRMAR QUE, CONFORME A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL, AS DIRETRIZES CURRICULARES E O DOCUMENTO DA BNCC (2018) ANALISADOS, HÁ UMA SUJEIÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR AOS INTERESSES ECONÔMICOS LIGADOS AO CAPITALISMO NEOLIBERAL. ESTE, EM SI, PODE SER PERCEBIDO NA POLÍTICA EDUCACIONAL DO PAÍS, EM UM EMPENHO ÍMPAR PARA A FABRICAÇÃO DE UMA SOCIEDADE NORTEADA PELA COMPETIÇÃO.