O conceito de gene sempre foi motivo de controvérsias crescentes desde o seu surgimento quando foi proposto por Mendel e por este denominado de ‘fatores’. A atualização da visão mendeliana, no início do século XX, substitui o termo ‘fatores’ por gene e o caracterizou como unidade física e funcional da hereditariedade. Porém, uma série de fenômenos descobertos a partir da década de 1970, apresentou o mesmo como uma partícula descontinua através da descrição dos genes interrompidos, splicing, Splicing alternativo e genes sobrepostos dificultando mais ainda o entendimento do que realmente é um gene. Dessa forma, podemos afirmar que o conceito de gene passa por uma crise dificultando o entendimento de vários fenômenos biológicos. O mais preocupante não é necessariamente a crise no meio acadêmico, mas no ambiente escolar, uma vez que os saberes escolares são saberes acadêmicos didatizados e o livro didático, fonte do saber, apresenta um papel decisivo na redução ou mesmo eliminação do abismo entre ciência e cidadania. Para tal, objetivo-se neste trabalho analisar o conceito de gene em dois livros didáticos de Biologia do ensino médio indicados pelo PNLD, dos quais foram extraídos idéias e termos relacionados ao conceito de gene. Percebeu-se que os autores apresentam diversos conceitos de genes, não apresentando assim uma unidade conceitual, acarretando uma dificuldade de interpretação por parte dos alunos sobre o referido conceito. Diante disso, é necessária uma reformulação do conhecimento sobre gene nos livros didáticos analisados, para que a transposição do conhecimento científico para o conhecimento escolar consiga proporcionar aos alunos a construção de um conhecimento sólido e coerente.